quinta-feira, 10 de junho de 2010

A esperança

A esperança é a última que morre, dizem por aí sem saber a estória por trás disso. Pesquisando um pouco sobre mitologia grega, podemos encontrar vários contos diferentes que originaram a frase, mas todos com a mesma essência. Narro apenas um para não lhe adiar muito a questão principal.
Prometeu e Epimeteu foram encarregados de criar os animais e a raça humana. Epimeteu, primeiramente, atribuiu características aos animais para que esses pudessem sobreviver, mas ao chegar o momento de criar os humanos carecia de caractéristicas para fazê-los superiores às outras raças. Devido a isso, pediu ajuda ao seu irmão Prometeu, que roubou o fogo dos deuses e deu-o aos homens, concedendo-lhes a superioridade aos outros animais. Zeus prendeu Prometeu numa montanha na qual uma águia gigante comia-lhe as vísceras, que eram regeneradas todas as noites, por trinta mil anos. Antes disso, Zeus havia deixado com Epimeteu uma caixa com todos os males e pediu para que cuidasse dela, pois causaria desgraça aos homens se aberta. De acordo com o pedido de Zeus, botou-a entre duas gralhas no fundo de sua caverna, que o avisariam caso alguém se aproximasse. Em seguida, desconsiderando a advertência de Prometeu quanto aos presentes de Zeus, casou-se com Pandora, que fora oferecida por Zeus. Pandora foi a primeira mulher na Terra, criada por vários deuses do olimpo em conjunto. A consequência disso foi que Pandora conseguiu seduzir Epimeteu para que esse tirasse as gralhas da caverna e, após terem feito amor, com Epimeteu adormecido, Pandora abriu a caixa que espalhou todos os males de forma tão assutadora que a fez fechá-la rapidamente, deixando a esperança em seu interior. Os males são todos que podemos constatar durante toda a história como a mentira, guerras, morte, inveja, loucura. Daí veio a ideia de que a esperança é a última que morre.
Será a esperança realmente boa? Em algumas versões dessa história a esperança é um mal, noutras é o único bem, mas consideram a paixão também algo ruim. Apoiando essas versões, a esperança, nada mais é que um artifício para nos conformarmos com o que não deu certo, com o que não está certo para nós. Será que realmente vale a pena nos dar ao luxo de ter esperanças? "A esperança nos faz esperar" e, conseqüentemente, nos conformar com o que não está certo ao ter a esperança de que tudo ficará OK. Mas a verdade é que nada ficará na sua devida ordem se você simplesmente sentar e esperar, pois é o homem quem faz o seu próprio destino e é responsável pelo seu período histórico. Em Pensamentos, de Pascal, lê-se :"Assim nunca vivemos, esperamos viver; e, dispondo-nos sempre a ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos" . E ainda ousa mais, nos dá como solução o desespero, a desesperança, a não esperança, nos diz que a felicidade não está na esperança, está no conhecer, no amar, no desejar, no realizar de algo. Seria a esperança conformista? Talvez não, pois com ela se fez as maiores revoluções que a história já vi. Mas a charada já fora matada há 200 anos por Schopenhauer... (De maneira alguma o que eu disse é uma desculpa pra você ser intolerante, a intolerância já foi ultrapassada desde Locke.)

"É mais seguro confiar no medo do que na esperança".
-Schopenhauer


Vamos nos dar esperanças e deixar tudo como está? Ou vamos sair na rua para protestar?

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